"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 24 de maio de 2016

Miséria e destruição: a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)

O cerco (defesa do pátio da Igreja durante a Guerra dos Trinta Anos), Karl Friedrich Lessing

A Guerra dos Trinta Anos foi um dos mais terríveis conflitos de toda a História. Milhões de pessoas morreram ou ficaram para sempre doentes. Por toda a Europa, a guerra tornou ainda mais difícil a vida dos pobres: suas plantações foram destruídas, suas casas e aldeias arrasadas, seus bens saqueados.

Soldados saqueando uma fazenda durante a Guerra dos Trinta Anos, Sebastian Vrancx

Os soldados não tinham nenhum interesse nacional, lutavam por aqueles que lhes pagavam melhor e não hesitavam em mudar de lado, dependendo da oportunidade.

Paisagem com um assalto, Sebastian Vrancx

O pagamento dos exércitos era irregular e não havia administração para organizar o abastecimento dos combatentes. As tropas, portanto, viviam à custa da população da área que ocupavam, e não havia muita diferença quando se tratava de seu próprio país ou do inimigo: os soldados saqueavam o que podiam.

Uma paisagem com viajantes emboscados do lado de fora da cidade, Sebastian Vrancx

Os camponeses fugiam para as florestas, carregando seus animais e tudo o que conseguiam levar. Na volta, encontravam apenas casas queimadas e colheitas incendiadas. Sem sementes para refazer as lavouras e com a produção desorganizada pela ocupação militar, trabalhavam longos anos para refazer sua vida. As aldeias se despovoavam, os sobreviventes morriam de fome, os campos transformavam-se em matagais. Aldeias inteiras foram apagadas do mapa. Em algumas regiões, foi necessário um século para recuperar as áreas devastadas.

Soldados emboscam uma carroça e passageiros, Sebastian Vrancx

Quando as tropas se dispersavam e a indisciplina arriscava comprometer a união do exército, os oficiais procuravam os desertores e saqueadores e os enforcavam às dezenas, para servir de exemplo.

Uma cena da Guerra dos Trinta Anos, Ernest Crofts

Enfim, quando chegou a época de assinar o tratado de paz, os príncipes negociaram, trocaram territórios, impuseram seu poder e domínio sem nenhuma consulta, com o mais profundo desrespeito aos direitos do povo.

DUPÂQUIER, Jacques; LACHIVER, Marcel. Les temps modernes. Paris: Bordas, 1971. p. 104.

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