"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

segunda-feira, 28 de março de 2016

1916, Nova Orleães: o Jazz

Louis Armstrong, Adi Holzer

Vem dos escravos a mais livre das músicas. O jazz que voa sem pedir licença, tem como avôs os negros que trabalhavam cantando nas plantações de seus amos, no sul dos Estados Unidos, e como pais os músicos dos bordéis negros de Nova Orleães. As bandas dos bordéis tocam a noite inteira sem parar, em palcos que as põem a salvo dos golpes e punhaladas quando o caldo entorna. De suas improvisações nasce a louca música nova.

Com o que economizou distribuindo jornais, leite e carvão, um garoto baixinho e tímido acaba de comprar corneta própria por dez dólares. Ele sopra e a música se espreguiça longamente, longamente, saudando o dia. Louis Armstrong é neto de escravos, como o jazz, e foi criado, como o jazz, nos puteiros. 

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo: O século do vento. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 592.

Nenhum comentário:

Postar um comentário