"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Visita ao Vaticano

A Criação de Adão (detalhe), Capela Sistina, Michelangelo

Perguntas que faço a Michelangelo, para ver se me responde:

- Por que a estátua de Moisés tem chifres?

- No afresco da Criação do Homem, na Capela Sistina, todos cravamos os olhos no dedo que dá vida a Adão, mas quem é essa moça nua que Deus aperta amorosamente, como num descuido, com o outro braço?

- No afresco da Criação da Fé, o que fazem esses galhos quebrados no Paraíso? Quem os cortou? A derrubada de bosques estava autorizada?

- No afresco do Juízo Final, quem é o papa que se precipita ao inferno, expulso a porrada por um anjo, e na sua queda leva as chaves pontificais e uma bolsa cheia?

- O Vaticano tapou quarenta e um pintos que o senhor havia pintado nesse afresco. O senhor ficou sabendo que seu amigo e colega Daniele da Volterra foi quem cobriu as entre-pernas com pudorosos panos, por ordem do papa, e que por isso foi chamado Ill Braghettone?

GALEANO, Eduardo. Espelhos: uma história quase universal. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 100.

Nenhum comentário:

Postar um comentário