"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Os gladiadores e os cocheiros de circo

Este afresco ilustra um fato diverso ocorrido em Pompeia no ano 59. Durante um combate de gladiadores, uma rixa eclode nas arquibancadas entre os habitantes de Pompeia e os de Nucera, cidade vizinha. O pintor mostrou os "torcedores" brigando no anfiteatro e nas ruas. Afresco do século I d.C.

A paixão desenfreada dos romanos, de todas as classes, pelos jogos do circo e do anfiteatro, se exprime na multidão de objetos decorativos ou utilitários, de pinturas e de mosaicos que possuem. Nos interiores mais modestos, lamparinas de terracota, taças, pratos são gravados com cenas de combate. Nas casas aristocráticas, afrescos murais ou mosaicos ilustram também as competições do circo e do anfiteatro. Com muita freqüência, os cocheiros e os gladiadores são identificados por seus nomes. Mesmo os cavalos da corrida, cuja celebridade iguala a de seus condutores, se tornam os temas principais dos mosaicos. No circo, apostas são feitas nas parelhas que correm para facções ou cavalariças, levando cores diferentes: os Azuis, os Verdes, os Vermelhos e os Brancos. Quanto aos gladiadores, embora sejam, em sua maioria, escravos ou condenados à morte, suscitam verdadeiras paixões entre as mulheres – plebéias ou aristocráticas – como entre os homens que assistem a suas proezas. Os poetas, bem como as pinturas de Pompeia, dão múltiplos exemplos a respeito.

SALLES, Catherine (dir.). Larousse das Civilizações Antigas 3: Das Bacanais a Ravena (o Império Romano do Ocidente). São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 292.

Galeria de imagens:


Combate entre um reciário e um secutor. Este mosaico, feito com muito cuidado, de uma mansão romana situada na Germânia, representa uma das fases de um combate de gladiadores. No centro, o árbitro, usando túnica clara, julga a regularidade dos golpes. À direita, um secutor (tipo de gladiador) se protege com um longo escudo retangular. Usa caneleiras reforçadas com placas de metal e uma braceira eriçada com peças metálicas. À esquerda, um reciário (gladiador que busca prender seu opositor em uma rede) quase nu ataca com seu tridente. Somente uma ombreira protege a base de seu pescoço e ele usa - em princípio - enrolada em torno de seu braço sua rede, no entanto, esta aqui se parece à braçadeira do secutor. Foi um erro do artista? Detalhe do pavimento de mosaico da mansão romana de Nennig (Sarre), século II d.C.

Um retiarius ataca seu oponente caído, um secutor, com um punhal. Cena de um mosaico da Villa Borghese. Ca 320 d.C.

Gladiador. Detalhe do mosaico da Villa Borghese. 

Mosaico mostrando um retiarius (gladiador com rede) chamado Kalendio lutando com um secutor chamado Astíanax. O secutor é coberto na rede do reciário, mas parece não ser prejudicado. Na parte de cima Kalendio está no chão, ferido e pega sua adaga para se render. Os funcionários da arena aguardam seu destino. A inscrição mostra o sinal para "nulo" e o nome de Kalendio, implicando que ele foi morto. Século IV d.C.

Parte do mosaico Zliten da Líbia (Leptis Magna), século II d.C. Ele mostra (da esquerda para a direita) um trácio lutando com um murmillo, um hoplomachus em pé com outro murmillo (que está sinalizando sua derrota para o árbitro) e um par correspondente.

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