"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 24 de novembro de 2013

Imhotep e a pirâmide de degraus em Sakkarah (2630 a.C.)

Ainda hoje multidões de turistas fazem peregrinações à terra dos faraós para experimentar a proximidade direta dessa antiga maravilha mundial construída com pedras.

Em todos os tempos, a grandeza monumental dos túmulos exerceu um fascínio incomum sobre as pessoas.

Aquilo que exércitos imensos de trabalhadores erigiram sobre a terra por volta de 2630 a.C. é e permanece um mistério para nós, um enigma que nos atrai magicamente com seu encanto.

O faraó Snofru (1575 a.C. – 1551 a.C.) figura como o efetivo inventor da construção de pirâmides “lisas”. Mas sem dúvida deve-se agradecer ao rei Zoser e a seu arquiteto Imhotep que, em 2630 a.C., com a mastaba em degraus em Sakkarah, tenha sido introduzida a época das pirâmides. O mestre de obras Imhotep, a propósito, é o que chamamos um gênio universal. Ele se ocupa de uma série de funções, é erudito, escriba e arquiteto.


Pirâmide em degraus em Sakkarah. 
Foto: Olaf Tausch

Até então, os reis egípcios eram sepultados em mastabas (túmulos cobertos de lajes) simples, câmaras mortuárias subterrâneas, acima das quais se erguiam salas de culto e câmaras para as oferendas do túmulo. O sepulcro de Zoser – primeira construção monumental de pedra – consiste de seis mastabas construídas umas sobre as outras e alcança a altura de 60 metros. O complexo de construções completo abrange uma área de 275 x 545 metros com instalações de templo, rodeada por um muro de dez metros de altura. A pirâmide Zoser ainda não é uma pirâmide “verdadeira”, pois ainda não dispõe as nobres superfícies planas e arestas retas como as suas famosas descendentes de Gizé. Consiste de seis degraus rústicos e por isso é denominada pirâmide de degraus.

Às pirâmides grandiosas pertencem os monumentos mortuários sobre o platô rochoso de Gizé, 13 quilômetros a oeste do Cairo, mandadas construir por volta de 2500 a.C. por Quéops, Quéfren e Miquerinos, todos eles reis egípcios da quarta dinastia. As três pirâmides, que se contam entre as mais significativas realizações arquitetônicas da humanidade, não são apenas monumentos gigantescos dos faraós, mas figuram também como trono do sol. Em seu ápice devem se reunir o deus-sol Rá e o deus-rei egípcio. Todas possuem a instalação monumental do templo dos mortos no alto, vestíbulo e templo embaixo. A pirâmide de Quéops, cobrindo uma área de 53.000 m² e uma altura original de 147 metros, é a maior do mundo.


Pirâmide de Gizé. 
Foto: Jerzy Strzelecki

Mas por que as pessoas se empenham em construir monumentos semelhantes? As imensas pirâmides de pedra sobre os túmulos dos reis devem manter seu corpo terreno inalterado por todos os tempos e garantir a inviolabilidade das múmias silenciosas nas câmaras mortuárias adjacentes. Ninguém deve perturbar a serenidade dos túmulos dos mortos, motivo pelo qual se procura ocultar aos invasores os acessos às câmaras mortuárias secretas do rei e da rainha por meio de corredores angulosos e labirintos. Entretanto, mesmo as passagens bloqueadas de vários modos com blocos de granito não conseguem impedir os violadores de túmulos de avançar até as câmaras dos sarcófagos. Os túmulos de reis e rainhas, com tesouros preciosos como oferendas do túmulo, já eram saqueados mesmo na Antiguidade.


UMA BREVE HISTÓRIA DAS DESCOBERTAS: DA ANTIGUIDADE AO SÉCULO XX. São Paulo: Escala, 2012. p. 17-19.

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