"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os reinos combatentes (479-221 a.C.)

O período dito dos “reinos combatentes” estende-se aproximadamente da morte de Confúcio (479 a.C.) à fundação do Império, em 221 a.C. É uma época de aceleração da história: as transformações políticas, econômicas e sociais dos séculos VIII-VI foram concluídas. O território chinês, ainda nominalmente sob a autoridade do rei da dinastia dos Zhu, é dividido em vários principados que se entregam a guerras mortíferas, segundo alianças e reversões incessantes, terminando com a vitória fulgurante do reino de Qin, que reunificará o território.

A guerra se transforma: é mais longa, mais “profissional”, realizada por exércitos de soldados de infantaria anônimos enviados ao matadouro e com armas de ferro mais sofisticadas. É dessa época que data a estratégia militar chinesa e o famoso tratado, a Arte da guerra. Nos principados, os soberanos já se cercam de conselheiros, antepassados dos letrados do Império. É o momento das reformas administrativas políticas, econômicas (generalização do distrito, do imposto, do serviço militar) e dos grandes trabalhos de valorização do território, embora novas mentalidades apareçam, voltadas para a eficácia ou até mesmo para o cinismo.

Um dos personagens-chave dos reinos combatentes é o rico mercador, que detém um papel político junto aos príncipes. A guerra estimula, com efeito, a economia: a produção agrícola, nervo da guerra, mas também a indústria mineira e a metalurgia. As cidades, os contratos, as moedas se desenvolvem.

Bronze, século III

 A essas transformações corresponde uma efervescência intelectual intensa: a grande liberdade de expressão favorece a eclosão de múltiplas correntes de pensamento, que estão na origem da cultura chinesa, e cujos partidários se enfrentam por meio de escritos interpostos ou por meio da retórica. Os reinos combatentes ainda não revelaram todos os seus segredos: continua-se hoje a fazer descobertas arqueológicas sensacionais que confirmam que a China da época era a um só tempo avançada e multicultural.


SALLES, Catherine [dir.]. Larousse das civilizações antigas 2: da Babilônia ao exército enterrado chinês. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 186.

Nenhum comentário:

Postar um comentário