"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O Islã no século XX (Parte I)

A riqueza oriunda do petróleo


Símbolo do Islã, Produtor

A Lua, após décadas de escuridão, brilhava mais uma vez sobre países muçulmanos. Na década de 1960, nações que pouco tempo antes haviam se tornado independentes desfraldavam cada vez mais a bandeira na qual se via a Lua crescente e a sombra verde do Islã. Os primeiros triunfos aconteceram no Paquistão, lar da maioria dos muçulmanos indianos, e na república da Indonésia, onde se concentrava a maior população muçulmana do mundo. Nasser, no Egito, e Sukarno, na Indonésia, representavam a nova convicção que se fazia visível em alguns países islâmicos. Apenas vinte e cinco anos antes, quase todos os países islâmicos haviam estado sob o domínio da Europa cristã.

Pela primeira vez em quinhentos anos, as nações islâmicas ocupavam uma posição de barganha em regiões importantes. Tais nações jamais haviam sido exploradoras diligentes de minérios, mas, por acaso, os países que se haviam convertido ao islamismo mais de mil anos antes possuíam a maioria dos campos de petróleo conhecidos. Os ocidentais encontraram o petróleo e os islâmicos se regozijaram, ficando com grande parte dos rendimentos. O Oriente Médio, a África do Norte, a Nigéria e a Indonésia possuíam, ao todo, mais da metade das reservas mundiais de petróleo. Ao mesmo tempo, o rápido declínio no nível das reservas dos Estados Unidos, até então principal produtor do mundo, beneficiou ainda mais os países islâmicos. Outra mudança abarrotou os cofres muçulmanos: na década de 1960, o petróleo se tornava a principal fonte de energia, ultrapassando o carvão.

Em 1973, os principais produtores de petróleo, liderados pelos árabes, aumentaram vertiginosamente o preço do produto, além de impedirem que fosse levado para nações que apoiavam Israel. Com o petróleo atingindo preços recordes, o Oriente Médio foi inundado pelos lucros. Magnatas árabes se tornaram proprietários de algumas das mansões inglesas outrora habitadas por seus antigos dominadores. Muçulmanos começaram a fazer parte da lista das famílias mais ricas do mundo. O Islã se espalhara entre os países mais pobres do globo, mas, pela primeira vez, em séculos, também estava presente em alguns dos mais ricos.

Próximo post: O Islã no século XX (Parte II): Divergências entre muçulmanos e cristãos

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do século XX. São Paulo: Fundamento Educacional, 2011. p. 293-294.

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