"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Redescoberta do Egito Antigo

Quando os europeus, na época moderna, começaram a se interessar pelo passado remoto da humanidade, da antiga civilização egípcia havia apenas as imprecisas, fragmentadas e, muitas vezes, incorretas informações gregas e romanas, conhecidas apenas de uns poucos eruditos, e alguns monumentos que as areias do deserto e o tempo haviam poupado.

Grande parte desse passado começou a ser desvendado a partir do século XVIII, quando Napoleão Bonaparte [...] pretendeu conquistar o Egito.

A expedição napoleônica fracassou do ponto de vista militar, mas registrou-se uma grande conquista para a história.

Além de soldados, a expedição, que invadiu o Egito em 1798, levava também cientistas e artistas. Um deles, Vivan Denon, era um excelente desenhista e reproduziu tudo o que viu. O resultado foi uma preciosa coleção de desenhos que retratavam a cultura egípcia em todos os seus aspectos materiais: arquitetura, obras de arte e, principalmente, inscrições em hieróglifos. Essa coleção foi base para a primeira grande obra sobre o Egito - A descrição do Egito -, escrita por integrantes da expedição da expedição e publicada entre 1809 e 1813, dando início à egiptologia - estudo da história egípcia -, um dos mais importantes campos de estudos históricos.

Além disso, membros da expedição napoleônica descobriram a célebre Pedra de Roseta, uma estela com três tipos de inscrições: hieroglífica, escrita egípcia empregada em textos oficiais e religiosos; demótica, escrita egípcia simplificada, de uso popular; e grego antigo, língua conhecida pelos eruditos europeus que serviu de chave para a decifração das outras.


Por força de exigências estabelecidas na Capitulação de Alexandria, ocorrida em 1801, quando a esquadra inglesa derrotou a francesa no Mediterrâneo, a Pedra de Roseta e os demais objetos recolhidos pelos franceses no Egito foram enviados para a Inglaterra e incorporados ao acervo do Museu Britânico. Pedra de Roseta, British Museum, Londres, Inglaterra.


Mas o encontro com a civilização egípcia efetivou-se somente quando foi possível entender sua escrita e sua língua, o que permitiu a comunicação mais explícita e direta com o passado.

O francês Jean François Champollion, trabalhando com uma cópia da inscrição trilíngue da Pedra de Roseta, conseguiu decifrar os hieróglifos egípcios em 1822.

As inscrições em hieróglifo (literalmente, escrita sagrada) - gravadas nos monumentos, principalmente os religiosos (templos e túmulos) e na enorme quantidade de rolos de papiro -, encontradas pelos pesquisadores e reproduzidas nos desenhos de Denon, foram intensamente estudadas por especialistas e curiosos europeus, sobretudo a partir de meados do século XIX.

NEVES, Joana. História Geral - A construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 50-51.

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