"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sábado, 27 de outubro de 2012

Os bronzes rituais na época dos Shang e dos Zhu ocidentais

Machado de bronze de tipo yue. Esta peça, descoberta em 1965, em Sufutun, província de Shandong, é decorada com um motivo aberto de uma máscara taotie. Dinastia Shang, fase Anyang (1300-1050 a.C.)

Prestigiosa, especializada e codificada, a arte do bronze nasceu da combinação das técnicas da cerâmica com as da metalurgia. Inumeráveis obras-primas foram produzidas. A fabricação dos bronzes rituais na dinastia dos Shang (séculos XVI-XI a.C.), depois na dos Zhu ocidentais (séculos XI-VIII), passa pela extração de cobre e de estanho das minas, pelo transporte e depois o refinamento. A liga é em seguida fundida em segmentos de moldes de argila (os moldes segmentados) por artesãos especializados e que possuem um elevado status social. Vasos de álcool (zun ou yul), cálices (dul), trípodes (ding ou li), frascos (hu) etc., utilizados por ocasião de cerimônias sacrificiais em honra aos antepassados reais, foram encontrados em necrópoles reais ou no interior de esconderijos. São ornados com motivos complexos, como a máscara taotie (máscara de animal fantástico), ou representações de animais míticos cujo sentido não nos é acessível em grande parte. Os Zhu retomaram a arte dos Shang e a desenvolveram: em sua época, os bronzes rituais se tornam o símbolo da cultura aristocrática. No século IX a.C. (reforma ritual), são produzidos em série, tornam-se mais pesados e os motivos se simplificam. As inscrições que trazem indicam o homenageado na peça e assinalam seus méritos e os de seus ancestrais: os bronzes são a memória dos clãs de nobres. Os imperadores das dinastias Song (séculos X-XIII) e Qing (séculos XVII-XX) reuniram coleções desses bronzes antigos.

SALLES, Catherine. (dir.) Larousse das civilizações antigas: dos Faraós à Fundação de Roma. São Paulo: Larouse, 2008. p. 82. 

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