"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 7 de outubro de 2012

A Biblioteca de Assurbanipal

Neto de Senaquerib e filho de Assur-hadon, Assurbanipal (668 a.C. - 626 a.C.) foi o último grande rei da Assíria. Conquistador, que venceu os egípcios, sírios e susianos, guerreando com ferocidade, foi um grande caçador de leões, mas também um intelectual protetor das letras. Em sua capital, Nínive, restaurou o palácio de Senaquerib, acrescentando-lhe várias salas. Aí centralizou a sua famosa biblioteca. Consistia numa imensa coleção de placas de terracota cobertas de ambos os lados de escrita miúda e apertada. O rei mandava copistas nas cidades da Caldéia transcrever o que havia em outras bibliotecas, em tempos diversos. As trinta mil placas de barro eram metodicamente catalogadas e, por vezes, as obras comportavam vários "volumes" sobre um mesmo assunto; principiava então o texto com a mesma frase, como por exemplo: "Outrora o que está acima, 1", "Outrora o que está acima, 2", etc. Todos os escritos levavam o nome do rei, orgulhoso do título de protetor das letras. Em Der-Sarukin também existia uma biblioteca, menos rica, porém, ao que a de Nínive, da qual era encarregado o escriba Narasumidin.

Placa contendo parte da Epopéia de Gilgamesh

Assurbanipal costumava ouvir a leitura de suas campanhas e de suas vitórias, mas dava preferência a textos relativos a oráculos por meio dos quais a vontade dos deuses lhe era revelada. O amparo e o auxílio que estes lhe pareciam oferecer o animava nas lutas que empreendia. Por isso, todas as atrocidades relatadas nos textos relativos a Assurbanipal, em que descreve o rei que mandou executar, tem referência aos mandamentos de Assur e de Istar.

Entre os poemas de aventuras, contados nos textos de Nínive, encontravam-se as Aventuras de Giges, rei da Lídia, a Descida de Istar aos Infernos, onde foi buscar seu marido, o deus Tamuz, as Proezas do Herói Gilgamés, capaz de enforcar leões, touros, mas vítima da maldição de Istar.

A biblioteca de Nínive, cujas placas foram decifradas na Inglaterra, continha também gramáticas, dicionários, tratados de matemática e de astronomia, livros sobre magia e listas de cidades, de funcionários, relatórios e correspondência.

CARVALHO, Delgado de. História geral 1: Antiguidade. Rio de Janeiro: Record, s.d. p. 77-78.

Nenhum comentário:

Postar um comentário