"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Oráculo de Delfos

Templo de Apolo, Delfos

"Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo"
(Inscrição no Oráculo de Delfos, atribuída aos Sete Sábios, c. 650-550 a.C.)

Segundo a tradição, o Oráculo de Delfos foi originalmente o Oráculo da Terra (Gaia), como relataram Ésquilo e Eurípides.

O que caracterizava a inspiração délfica era o estado de transe da pítia ou pitonisa, profetisa de Apolo, que, em momentos de exaltação produzida pela exalação de vapores de um grotão sobre o qual se achava a sua trípoda, proferia seus oráculos. Dionísio não era o patrono deste oráculo, mas o seu nome ficou a ele associado, por causa das bacanais que se tinham estabelecido no monte Parnaso.

Solenidades rituais acompanhavam a consulta do oráculo. Três dias antes, a pítia se preparava pelo jejum e banhos na fonte Castália, na qual também deviam banhar-se os que vinham consultar o oráculo. A pítia era escolhida entre as virgens de Delfos. A princípio, era uma só em função; mais tarde, foram duas.

A admissão dos consulentes era determinada por sorte, a não ser nos casos de precedência por direito, como quando veio a Delfos o rei Creso, da Lídia. Antes da consulta, eram efetuados sacrifícios de animais de grande ou pequeno porte. Se os presságios eram favoráveis, a pítia queimava folhas de louro e cevada, no fogo permanente do altar, e, vestida de Apolo, sentava-se no alto da trípoda, que continha as vértebras de Píton (cobra), ao lado da estátua de ouro de Apolo. Um intérprete chamado "profeta" era encarregado de explicar as palavras, os gritos e as atitudes da pítia em linguagem inteligível. Era este intérprete escolhido entre os membros das famílias nobres de Delfos. A princípio, as respostas eram dadas em versos hexâmetros, mais tarde em prosa. Sonhos também eram interpretados.

A Sibila de Delfos, de Michelangelo

A história parece provar que os oráculos de Delfos sempre deram aos gregos conselhos sábios e favoráveis. Combinaram o sentido misterioso das coisas com a energia individual, correspondendo assim a uma necessidade de confiança que tinham os consulentes. Delfos apoiou as reformas de Licurgo e de Sólon, animou o espírito colonizador dos gregos, aconselhou os espartanos a poupar a vida dos hilotas revoltados no monte Itome e a libertar Atenas do despotismo de Hípias, durante as guerras pérsicas.

CARVALHO, Delgado de. História Geral 1: Antiguidade. Rio de Janeiro: Record, s.d. p. 164.

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